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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Um post sobre amor…

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Esse ano eu entrei numa escola de teatro musical... E não esse não era o sonho da minha vida e muito menos eu mal podia esperar para entrar. Eu tinha abandonado o cinema, que fora algo que eu persegui durante 5 anos, estava desempregada, tinha acabado de reatar meu namoro e estava num péssimo relacionamento com a minha família...

Teatro musical não era um sonho nem um desejo. Eram puro amor. Era sagrado.

Musicais, em resumo, eram aqueles momento que nada poderia me tocar, pois eu estava completamente envolta por felicidade, ninguém me magoava, ninguém me machucava... Everything was beautiful at the musical... Nunca pensei em ganhar a vida com isso principalmente porque, como já disse, estava desempregada e sem dinheiro ninguém te respeita... Como então eu poderia fazer um curso de teatro musical com uma mensalidade que eu não sabia de onde iria tirar mais transporte, comida, roupa de dança?

Mas sabe aqueles momentos a razão te falta e você só consegue seguir seu coração? Sim, justamente aqueles momentos que a sua terapeuta diz que são errados e sua família usa para mostrar como você é louca? Num desses momentos eu me inscrevi no curso... E eles me ligaram porque eu tinha ganhado uma vaga.

Como eu iria pagar por esse curso? Lei de Murphy estava de folga nesse mês, e eu consegui uma entrevista de emprego. No caminho tudo que eu pensava era “God I hope I get it! I hope I get it! I really need this job..” E CONSEGUI! Tudo estava ótimo! Bem... Até a minha primeira aula de canto

Não eu não canto mal... Antes eu tinha feito aulas de canto perto da minha casa. Mas cantar, realmente, como Linda Eder ou Patti LuPone, isso é outra coisa, eu imitava essas mulheres e as idolatrava, nunca poderia cantar nenhuma música delas.

Na primeira aula, meu professor pediu para escolhermos três músicas para que ele decidisse qual cantaria. Eu escolhi Don’t Rain On My Parede, Maybe This Time e What I Did For Love do A Chorus Line (1975 – Edward Kleban & Marvin Hamlish) um dos meus musicais favoritos. As duas primeiras ele de cara descartou, falou que eu não tinha idade para cantá-las... AHAM! E a terceira nós tentamos...

Eu estava muito nervosa nesse dia.

Muito.

Ele deu o primeiro acorde... Eu fiquei muda.

Ele tentou de novo... Eu cantei muito baixo.

Ele tentou pela terceira vez... Kiss today goodbye. The sweetness and the sorrow… Wish me luck the same to you. Opa! O agudo não saiu bom. Outra vez.

E eu comecei a chorar.

Entendendam. A Chorus Line, como eu disse, é um dos meus musicais favoritos. E What I Did For Love é uma das melhor e mais incríveis músicas que eu já ouvi. Aquele tipo de música que você segura a respiração quando escuta o início: “If today was the Day that you have stop dancing...”. Eu idealizei essa música, essa melodia, cada nota. E estraguei tudo! God I really blow it! I really blow it! How I could I done a thing like that???

E o pior ainda não tinha passado… Ah, não.

Aula de Acting Your Song. Aprender a atuar a música. Eu nunca tinha atuado antes, nem sabia como era isso... Enfim. Vamos lá.

Sinta a letra preenchendo o seu corpo. Sinta uma luz violeta ao seu redor. Respire essa luz. E depois você vai crescendo, crescendo, crescendo. Dominando o espaço. E a letra dessa música torna-se você por completo... Nunca me senti mais ridícula na vida. E ai veio a pergunta: O que você sentiu? Oh Sim! Senti as intenções de cada sílaba, senti a melodia, senti a luz violeta.

Eu? O que eu senti? Nothing, I’m feeling nothing. They all felt something. But I felt nothing, except the feeling that this bullshit was absurd! Constrangimento foi o que senti durante a maioria das aulas de teatro… Confesso que ainda sinto um pouco até hoje. Eu disse um pouco? Tá, ok. Eu sinto bastante.

Mas nada se compara a aula de dança. Não, não cai, nem quebrei nada. E com o esforço certo eu até consigo fingir durante 5 minutos que posso dançar. Porém percebi que mesmo com o choro da música e de não sentir nada no teatro, neles eu poderia melhorar, eu poderia evoluir. A dança não. Essa nunca seria meu forte. Essa eu nunca poderia começar de baixo e ir ao top. Na dança eu sempre seria uma linha reta, sempre... Sim... Eu nunca faria parte de A Chorus Line. Eu não seria Diana, ou Bebe, ou Val, ou Sheila. Eu nunca poderia fazer parte do musical mais icônico para mim.

E por quê? Por que era tão importante fazer parte de um único musical na vida se tem milhões tão importantes???? Porque não era um musical apenas, era a vida real. Cada um daqueles 17 bailarinos em fila de coro, cada um lutando numa audição para uma vaga num musical, cada um sabia exatamente o que eu estava passando. O que eu passei e o que eu vou passar para um dia estar nos palcos. Para um dia poder comer sem precisar de um emprego degradante. Para um dia poder dizer que eu não poderia me esquecer e nem me arrepender do que fiz por amor...

Enfim. A Chorus Line senhoras e senhores:

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