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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Nuvens negras no caminho


Eu iria falar minhas impressões entre a Lei de Murphy e meu álbum do 9 to 5 hoje... Mas acordei pela manhã e fui surpreendida por uma neblina londrina em Santo André. Especialmente no nono andar onde eu moro, o que incomoda muito meu namorado.

Então no caminho do trem que devia pegar para o trabalho, resolvi mudar a seleção do meu Ipod celular e em homenagem as nuvens negras se formando em cima da minha chapinha sem guarda-chuva resolvi colocar The Addams Family Original Broadway Cast (2010 – Andrew Lippa & Marshall Brickman e Rick Elice).

Eu particularmente sempre amei Família Addams. Era um dos meus filmes de infância. Assisti aquele VHS (Opa! Será que foi o bastante para revelar a idade?) milhões de vezes, sabia todas as falas da “Vandinha” vivida por Christina Ricci e acompanhei a RE-PRI-SE do seriado em p&b na TV.

A evolução de Vandinha: primeiro uma criança aborrecida

Quando o musical foi lançado, demorei um pouco para ir atrás. Pq enfim... Era minha infância, né? Imaginem um musical de Spiderman??? Que aliais vai estrear em breve com letras de Bono Vox e The Edge (!!!). Tudo que eu esperava é que fosse fiel ao conceito da família, e me perguntei se a história seria parecida com a do primeiro filme quando um desmemoriado Uncle Fester (Funério Addams) tentava dar um golpe nos parentes.

Não. A história do musical é bem diferente.

A peça começa com uma música ótima chamada When You’re An Addams que é excelente como primeira música, não apenas pq é de um ritmo ótimo, mas por apresentar os personagens e revelar o mote principal da trama: Nem sempre é fácil ser um Addams, como Wednesday fala “Você tem que segurar o sorriso para ser um Addams”.

Depois uma pré-adolescente blasé

O caso é que Wednesday está apaixonada por um rapaz “normal” como dito em One Normal Night e naquela noite ele e sua família irão se encontrar com Gomez e Morticia na mansão para um jantar de apresentação. Bem é óbvio e nem tudo sai do jeito que eles querem.

Particularmente não gosto dessa sinopse embora adore o musical. Wednesday é vivida pela atriz Krysta Rodriguez que já fez Gossip Girl, ou seja, não é a personagem criança/pré-adolescente que estamos acostumados. E por mais que ela cante absurdamente, como em Pulled, acaba fazendo da personagem alguém chato, problemático e sem identidade.

Os outros membros da família são diferentes: Nathan Lane é Gomez, Bebe Neuwirth faz uma Morticia chic e sedutora tão bem quando Angélica Huston, uma pena que perca o brilho quando entra num conflito fraco do roteiro. Mas quem rouba a cena é Kevin Chamberlin como Uncle Fester e um solo LINDO chamado The Moon And Me e o Pugsley (Feioso) Adam Riegler que apesar da pouca idade arrasa na What If e torna o apagado personagem um dos mais fieis ao conceito Família Addams que conhecemos e me conquistou.

Agora: uma adulta rebelde prestes a se casar.

A Vovó Addams e a solução encontrada para mãozinha também são ótimos. Agora o casal pais de Lucas, então namorado de Wednesday, só funcionam como contra-ponto da família, sozinhos são chatos e clichês.

The Addams Family Musical tem como ponto forte as músicas, embora na maioria delas falte aquele humor negro e nonsense, e os atores que aparentam amar os personagens que fazem tanto quanto nós os amamos. De resto é claro que o tema é o amor, o amor entre casais, entre a família e entre o público e o musical...

E o melhor, assim que terminou de tocar o álbum as nuvens negras foram embora e quando eu cheguei no Brás tinha um lindo sol.

Enfim. The Addams Family senhoras e senhores:


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

The Drowsy Chaperone


Todos temos nossos pequenos amuletos. Eu especialmente tenho vários, resquícios de um passado dedicado a bruxaria natural, o que me tomou uma quantidade absurda de dinheiro em velas perfumadas e inúteis kits de magia.

Com o tempo, e a falta de um emprego, passei a transferir meus pequenos rituais ou supertições para aquilo que parecia ser mais plausível: teatro musical.

Não, não falo em rituais antes de entrar no palco ou coisa do tipo, afinal ainda estou engatinhando no curso de teatro musical. Refiro-me ao fato de atribuir esse ou aquele acontecimento do meu dia ao fato de ter escutado uma música de um determinado musical.

The Drowsy Chaperone (2006 - Bob Martin & Don McKellar) é um desses musicais que eu escuto vontando do trabalho, pq sei que vou enfrenter um trem lotado do Brás até Santo André, e se escutar as músicas certas terei grandes chances de testemunhar um milagre e o vagão que sempre pego esteja menos lotado do que todos os outros. Quantas vezes isso aconteceu? Hã... Bem.... Digamos que está 8 a 5 para o vagão. Mas todos lemos O Segredo (mentira, eu nunca li) e acho que a qualquer momento isso pode mudar.

TDC (The Drowsy Chaperone - meu namorado diz que apenas nerds falam do que gosta através de siglas, eu apenas estou economizando as teclas do meu netbook) concorreu ao Tony Awards de Best Musical, ganhou de Best Book e Best Score, e perdeu para Jersey Boys.

A história é centrada num personagem que atende por Man In The Chair, viciado em musicais, que resolve ouvir o album de um de seus musicais favoritos para fujir de uma noite melancólica. Até tudo bem, afinal quem de nós nunca recorre ao seu musical da Broadway favorito, não é mesmo? Não? Bem... Sugiro que arrume um e comece a recorrer a ele. Musicais são a melhor forma de escapismo já inventada.

Mas o que faz TDC ser tão incrível e inteligente? Primeiro o texto. Man In The Chair é um personagem apaixonante e para mim a identificação é imediata. Não apenas quanto a animação que ele sente quando os personagens do musical começam a aparecer na sua sala de estar, mas quanto aos pequenos detalhes da vida de um viciado em Broadway: cantar trechos de músicas, desculpar-se por qualquer besteira que seu personagem favorito tenha feito, repetir coreografias, soltar a famosa frase "Presta atenção, essa cena é ótima!" e até mesmo se irritar com um telefone tocando no meio de uma canção.

O charme do musical é completado quando os personagens do fictício The Drowsy Chaperone aparecem. Robert Martin e Janet Van De Graff estão prestes a se casar, ele um milionário e ela uma showgirl famosa, mas claro que esse casamento não agrada a todos e gera absurdas confusões que resultam em números musicais hilários. A história se passa na déc. de 20 e todas as canções e expressões são no melhor estilo old Broadway. Um deletei.

O elenco original também é um primor: Sutton Foster, como Janet, em seu segundo papel como uma mocinha dessa década, o primeiro foi em Thoroughly Modern Millie, e Bob Martin como Man In The Chair. Temos também Elaine Paige como The Chaperone na montagem londrinha e Geofrey Rush como Man In The Chair na montagem australiana e agora (rumores, rumores) na adaptação para o cinema.

Agora o que particularmente me faz escutar esse álbum repetidas vezes é a facilidade com que você se apega a esses personagens. O final, prometo que não teremos spoilers nesse blog, me deixa com um leve aperto no coração... O mesmo aperto que todos nós sentimos, fãs de musicais ou não, quando algo muito bom acaba.

Enfim. The Drowsy Chaperone senhoras e senhores: